Sertanília relê com modernidade a cultura sertaneja


(Por Fábio Bittencourt, do Correio)

Formado há dois anos em Salvador, o grupo Sertanília tem nas sonoridades e manifestações culturais do sertão - baiano e pernambucano - a inspiração para uma música universal. Idealizado pelo compositor, violonista e produtor musical Anderson Cunha, 39 anos, e composto também por Aiace Félix (vocais) e Diogo Flórez (percussão), a banda lança o independente disco de estreia, Ancestral.

“Cantamos o sertão ancestral, daí o nome do disco. Não o caricato, do chapéu de couro. Partimos da pesquisa in loco de  uma cultura  peculiar e preservada, devido ao grau de isolamento da região, em que os costumes são bastante distintos do litoral. O sertão é muito misturado, rico, uma reunião das três identidades  que formam a brasileira: a negra, a indígena e a europeia”, destaca Anderson Cunha.

Nascido em Bom Jesus da Lapa e criado entre Caetité e Guanambi - municípios que formam o alto sertão do sudoeste baiano -, Anderson é um entusiasta da cultura sertaneja. Segundo ele, muito da Sertanília é influência do cantor e compositor Elomar, de quem é admirador.

Ele explica que, após conceber o projeto, convidou os ainda estudantes Aiace e Diogo, da Escola de Música da Universidade Federal onde ela  estuda canto e ele, percussão. A vocalista, 23, há três anos é chefe do naipe de vozes da Orquestra Afrosinfônica,   projeto do maestro Ubiratan Marques. Diogo, 25, integra, como músico, o grupo Nariz de Cogumelo, formado por palhaços e que desde 2007 se apresenta em praças e teatros de Salvador.

“Não conhecia muito a cultura do sertão, mas me aproximei dos reisados, dos ternos, do coco, e fui buscar mais  informações. A proposta é  uma releitura do passado que possibilite uma música  moderna e autoral. Hoje, o Sertanília é o meu trabalho. Me encontrei”, diz Aiace.

Convidados - O amigo e cantor Xangai, o cordelista Bule-Bule e os percussionistas pernambucanos Emerson Calado e Nego Henrique, ex-colaboradores do grupo Cordel do Fogo Encantado, de Recife, participam no álbum. No repertório, ritmos como reisados, sambadas, congadas e coco. Todos calcados na forte tradição oral da região, de muitas cantigas e ladainhas.

Apesar do pouco tempo de estrada, a Sertanília já soma  apresentações em festivais nacionais como o Grito Rock,  em Olinda (PE), Lycra Future Designers e o Noite do Elefante: Invasão Nordestina no Espaço Zé Presidente, ambos em São Paulo. Há também andanças pelo exterior, tendo tocado nas cidades de Coimbra e Lisboa, em Portugal, e no circuito Tensamba, de Madri, na Espanha.

Integram a banda de apoio da Sertanília os músicos Mariana Marin (percussão), Raul Pitanga (percussão), João Almy (violão) e Massumi (violoncelo).

14 FAIXAS DO DISCO ESTÁ DISPONÍVEL PARA DOWNLOAD NO HOTSITE.

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