Escritor recifense dissemina literatura de cordel pelo Brasil



Disseminar a importância da literatura de cordel e facilitar o seu acesso entre a população. Esse é o objetivo do projeto “Socializando a Leitura”, iniciado há três anos pelo cordelista recifense Ivaldo Batista. Durante esse período, o escritor já visitou praticamente todas as regiões do Brasil, distribuindo seus livretos para instituições públicas nas cidades em que visita.

“Costumam me chamar de ‘Missionário do Cordel’. A tecnologia tem sufocado o que é do passado, e o cordel é o jornal do passado, por isso não devemos deixar essa cultura morrer”, conta Ivaldo Batista, que em Mossoró doou cerca de 40 cordéis, todos de sua autoria, para a Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte, e também fez doações para o Museu Histórico Lauro da Escóssia.

Ao longo dos últimos anos, durante suas viagens pelo Brasil, Ivaldo Batista tem acumulado diversas histórias, e relatos interessantes por onde passa. Segundo o escritor, há localidades, por exemplo, que nem mesmo a população tem conhecimento a respeito da existência de instituições como a Biblioteca Municipal.
“Há cidades em que eu chego e pergunto onde fica a Biblioteca, e o morador diz que ali não tem esse equipamento cultural, e eu afirmo que existe sim, já que antes de me dirigir a algum município, eu faço uma pesquisa prévia dos locais em que devo fazer a entrega dos cordéis”, conta o cordelista, que ainda não visitou as regiões Norte e Sul do Brasil, e que após 29 anos retornou a Mossoró.

Ivaldo Batista revela que a receptividade ao projeto tem sido bastante satisfatória, o que o incentiva a continuar desenvolvendo a iniciativa. “Tem lugares que visito ainda muito carentes desse tipo de literatura, como o Espírito Santo, que não possui uma Cordelteca, assim como muitas outras cidades”, complementa o escritor.

Autor de mais de 40 títulos, Ivaldo Batista escreve sobre tudo um pouco. Em seus cordéis é possível acompanhar histórias que envolvem desde temáticas sociais, como o bullyng, drogas, até aspectos históricos de cidades como Paris e Exu, no sertão pernambucano. “Você pode conhecer o lugar sem sair de casa nesse projeto que denomino Minha Cidade”, pontua o escritor, que começou a escrever cordéis de forma despretensiosa.

Além do “Socializando a Leitura”, o cordelista também promove trabalhos utilizando a literatura popular em escolas do Recife. “Esse ano iremos trabalhar com 300 alunos, que terão a oportunidade de produzir um cordel, e apresentá-lo em um grande evento. No ano passado os alunos aprenderam a fazer desde o desenho da capa até a construção das estrofes, versos, rima, oração, e métrica. Agora é hora de colocar em prática esse conhecimento”, diz.

Entre os projetos do idealizador da turnê brasileira do cordel para 2013, está o lançamento do título “Meio século de vida”, que será apresentado durante a Bienal Internacional do Livro, em Recife, no final do ano. “A obra reúne 50 cordeis escritos por mim ao longo dos meus 50 anos de vida”, conclui Ivaldo Batista.

(Jornal O Mossoroense)

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