Cordel: Namoro de Antigamente


Vou lhe contar uma estória
De muito tempo atrás
As coisas de antigamente
Eram diferentes demais
As filhas só namoravam
Com aprovação dos pais.

A forma de namorar 
Era muito diferente
Ficavam jogando pedrinhas
E os dois sempre contentes
Pra eles isso era o máximo
No namoro de antigamente.

Quando os dois tivessem noivos
E casamento marcado
Era quando se podia
Dar as mãos os namorados
Mesmo assim com vigilância
E com bastante cuidado.

Sentavam lá na calçada
Com a família presente
Os dois sempre distantes
Pois era inconveniente
E uma moça de família
Precisava ser descente.

E quem não cumprisse as regras
Ficava logo falada
Na boca da vizinhança
Não valia era mais nada 
A fulana era perdida
E em todo canto apontada.

Nos tempos de Lampião
Que vigorava o cangaço
A moça pra ser direita
Tinha que ser cabaço
Eram todas recatadas
Viviam presas a laço.

Um certo compadre meu
Que é metido a valentão
Gostou de uma mocinha 
E foi pedir a sua mão 
A resposta do pai dela
Foi mesmo um baita não.

Ele todo inconformado
Voltou mesmo foi raivoso
Prometeu dar logo o troco
E fez todo um alvoroço
Vou roubar a filha dele
E começou o destroço.

Foi logo na madrugada
Combinou com a donzela
Quando ouvir o assobio
Já vá pulando a janela
Ele já estava no ponto 
E abufelou-se com ela.

Levou ela pra bem longe
Já prevendo o reboliço
Deitando logo com ela
Fazendo logo serviço
Ficava a família obrigada
De firmar o compromisso.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O mal e o sofrimento por Leandro Gomes de Barros

Cordel "Coco-Verde e Melancia"

Poetas Populares, uma poesia de Antonio Vieira