Poetas Populares: Klévisson Viana


Cearense de Quixeramobim no Sertão Central, Antônio Klévisson Viana nasceu em 1972 e cresceu ao som das canções e dos repentes de viola, cordel e reisado. Cartunista, poeta popular, editor e membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) e da Academia Brasileira de Cordel e Cantoria (ABC), Klévisson é dono da Tupynanquim Editora, já publicou mais de 500 obras de literatura de cordel, sendo que mais de uma centena delas já foram adaptados para os quadrinhos, televisão e teatro.

O folheto A Quenga E O Delegado, por exemplo, foi transformado em episódio da série Brava Gente da Rede Globo.

Entre suas obras, destacam-se:

O príncipe do Oriente e o pássaro misterioso;
Helena de Tróia;
O cachorro encantado e a sorte da megera;
João da Viola e a princesa interesseira;
O negrinho do pastoreio;
Nascimento, vida e morte de João Paulo II;
Artimanhas de Pedro Malazartes e o urubu adivinhão;
O pecador obstinado aos pés da Compadecida;
O caçador João Mendonça e o tribunal da floresta;
A mala do folheteiro (também publicado em livro e folheto na França, em versão traduzida).


Ao lado de outros poetas, como Arievaldo Viana (seu irmão), Rouxinol do Rinaré, Geraldo Amâncio, Zé Maria de Fortaleza, Bule-Bule e Manoel Monteiro, é autor de vários títulos.


O talento de Klévisson para a poesia se estende às linhas que desenha. Como cartunista, trabalhou em jornais, ilustrou dezenas de livros, publicou HQs e participou de festivais e exposições do humor gráfico no Brasil e no exterior. Algumas das suas obras foram premiadas em renomados concursos a nível nacional, Klévisson é vencedor em diferentes edições do prêmio HQ-Mix, por exemplo. O cordel A moça que namorou com o bode, de Arievaldo Viana, foi adaptado para os quadrinhos por Klévisson, sendo sucesso de crítica e público.

O cearense é fundador da Biblioteca de Arte Sequencial Luiz Sá, dedicada aos quadrinhos, e criador de uma das vinhetas de intervalo da Rede Globo, em animação com o Pavão Mysteriozo. Vale destacar que os desenhos utilizados na ilustração do blog Luz de Fifó (no topo da página) foram retirados de suas obras.

Leia um trecho de Artimanhas de Pedro Malazartes e o urubu adivinhão:

Surgiu Pedro, viajando
Por vilas e povoados
Se valendo de astúcia
E de planos bem formados;
Não gostava de patrão
Pois, para roubar ladrão
Pedro era preparado...

Pedro encontrou, certo dia
Uma carniça de gado
Já em decomposição
Que a seca tinha matado;
Os urubus disputavam
E por ali espalhavam
Os restos pra todo lado.

Pedro lembrou que trazia
Ali, na sua algibeira
Dos brinquedos de criança,
Uma velha baladeira:
Depois de umas três pedradas
Uma ave foi baleada
Pra Pedro 'fazer a feira'...

Pedro pegou o urubu
Que a pedra tinha acertado
(O bicho tava ferido
Ligeiro foi amarrado).
Disse Pedro: - Com esse bicho
Se tratá-lo com capricho
Eu como um belo guisado!

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