Cariri Cangaço, uma confraria de grandes amigos e irmãos

José Cícero*



Foi um belo evento com um intenso sabor de saudade. Por assim dizer, fragmentos de uma magna camaradagem que durou praticamente uma semana inteira de andanças pelo solo sagrado do Cariri cearense. Passos na caatinga de cangaceiros e cangaceiras do conhecimento em busca quem sabe, do elo perdido na ânsia de lançar nova luz e novo olhar naquele que já se configura como o maior fenômeno sociológico dos sertões: o cangaço.

Uma confraria de grandes amigos e irmãos ligados fortemente como que pelos laços consangüíneos e inquebrantáveis de uma história que não quer calar, chamada cangaço e de uma saga apelidada de sertão. Uma luta sem fim. Um mergulho no universo quase indecifrável do oco do mundo. Protagonizada por uma incansável comitiva de entusiastas do conhecimento nordestino que visitara agora pela terceira vez (como se fosse a primeira) sete municípios caririenses (Crato, Barro, Aurora, Missão Velha, Barbalha, Porteiras e Juazeiro do Norte), numa série de seminários sobre os mais diversos temas sempre focados na temática sertaneja tendo como pano de fundo "O Cangaço Nordestino, sob o título geral: da insurreição a sedição". 

Um ciclo de debates e de palestras que muito ajudará aos caririenses a melhor compreender parte importante da sua história em particular e do Nordeste em geral. De modo que se tivéssemos como sintetizar o Cariri Cangaço 2011 numa única frase esta seria inegavelmente: Empreitada de sucesso e entusiasmo!

Sem dúvida mais um evento primoroso, algo marcante para toda a região do Cariri coordenado magnificamente pelo seu curador o inteligente e tenaz pesquisador do cangaço Manoel Severo ao lado da sua esposa a competente secretária de cultura do "Cratinho de açúcar", Danielle Esmeraldo. Um acontecimento que, pela sua grandeza de objetivo sociocultural, artístico, histórico, científico e filosófico deveria despertar muito mais a opinião pública, os políticos, as universidades, o estudantes, os educandários, a imprensa e, notadamente, os que se dizem formadores de opinião de toda a região sul caririense.

Portanto, há que agradecermos como de resto, aos que tiveram esta visão um tanto pedagógica e decidiram apoiar o Cariri Cangaço que agora em sua 3ª edição, promoveu literalmente o reencontro do povo do Cariri e do Nordeste com sua própria história.

*José Cícero, secretário de Cultura de Aurora, pesquisador e escritor do Cangaço e conselheiro do Cariri Cangaço

Comentários

Carlos Silva disse…
Distravo destes meus olhos a caminheira saudosa, entre um verso e a prosa, revelo toda vontade de me entregar com saudade as coisas do meu sertão que bole no coração revela minha agonia, saudades desta maria que no meu peito invade.

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