Por que Lampião era chamado de Capitão?
Muito curiosa a história de sua patente de oficial do exército, obtida do governo federal. No início do ano de 1926, a Coluna Prestes percorria o Nordeste em sua peregrinação revolucionária, trazendo apreensão aos governantes e colocando em risco a segurança da nação, segundo avaliação do governo central. Em meados de janeiro, estavam prontos para entrar no Ceará. A tarefa de organizar a defesa do estado coube, em parte, a Floro Bartolomeu, de Juazeiro. A influência de Floro, perante todo o país, devia-se ao seu estreito relacionamento com o Padre Cícero Romão. Por sugestão do Padre Cícero, só havia em todo Nordeste uma pessoa que poderia combater a Coluna e sair-se bem da empreitada. Indicou então o nome de Virgulino.
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Padre Cícero e Floro Bartolomeu |
Lampião chegou à vizinhança de Juazeiro no princípio de março de 1926. Só atendeu ao convite porque reconheceu a assinatura de Cícero no documento. Acompanhado por um oficial dos Batalhões Patrióticos, entrou na comarca de Juazeiro em 03 de março, tendo os cangaceiros uma conduta exemplar. Prometeram a ele, o seu perdão e o comando de um dos destacamentos, caso aceitasse combater os revoltosos. Na audiência com o Padre Cícero, foi lavrado um documento, assinado por Pedro de Albuquerque Uchôa, inspetor agrícola do Ministério da Agricultura, nomeando Virgulino capitão dos Batalhões Patrióticos. Esse documento dava livre trânsito a Lampião e seu grupo, de estado a estado, para combater a coluna.
Receberam uniformes, armamentos e munição para o combate. Lampião já tinha pensado muitas vezes em deixar o cangaço. Sem dúvida, aquela era uma grande oportunidade, proporcionada pelo seu protetor e padrinho Padre Cícero. Estava disposto a cumprir sua parte no trato e todas as promessas feitas ao Padre. Daquele momento em diante, passou a chamar a si próprio de "Capitão Virgulino".
Do blog Cultura Popular, de Marcos França
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